sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O que é multiculturalismo?

O multiculturalismo é um princípio que defende a necessidade de se ir além das atitudes de tolerância entre diferentes culturas num mesmo território ou nação. Para os defensores do multiculturalismo, as diferenças entre culturas que habitam um mesmo estado devem ser respeitadas e encorajadas, para que possa haver uma coexistência harmoniosa. A ideia de multiculturalismo está associada a outros fenômenos contemporâneos como o pós-modernismo e o relativismo cultural. Não há, no entanto, um consenso entre os pensadores desse tema sobre a sua definição. São basicamente dois os conceitos mais utilizados de multiculturalismo: um diz que todas as culturas dentro de uma mesma nação têm o direito de existir mesmo que não haja um fio condutor que as una; outro conceito define multiculturalismo como uma diversidade cultural coexistindo dentro de uma nação em que há um elo cultural comum que mantenha a sociedade unida.

A importância do planejamento pedagógico nas escolas públicas

Os avanços na qualidade do nosso sistema público de ensino são inequívocos e animadores, graças ao esforço, empenho e compromisso de todos os educadores. Mas, é preciso ir além e a passos mais rápidos. É chegado o momento de tomar o núcleo pedagógico – professor, aluno e conteúdos –  como ponto de partida e de chegada de quaisquer ações definidas pela Secretaria de Estado de Educação e Esporte SEE e/ou pela escola para compreendermos adequadamente o que o professor faz e diz, o que o aluno faz e diz e verificar se tarefas pedagógicas propostas em sala de aula são capazes de assegurar a aprendizagem. Não podemos esquecer que é na sala de aula que o ensino se traduz em aprendizagem e o fazer pedagógico se transforma em conhecimentos e competências.

É preciso garantir ao professor o direito de “aprender a ensinar” cada vez mais e melhor – condição imprescindível para garantir a tão sonhada excelência na Educação. Portanto, aprender a ensinar só é possível no exercício pleno da docência, pois, como conteúdo procedimental, só se aprende a ensinar, ensinando. E essa tarefa pressupõe a afirmação e o enraizamento de uma cultura colaborativa tanto no interior da escola, como em todo o sistema educativo. Como nos lembra Guiomard Namo de Mello, sendo a prática pedagógica aprendida, ela pode e deve ser questionada, sempre que isso for necessário à melhoria da aprendizagem dos alunos.

História negra, escola branca

Os programas escolares brasileiros são racistas e o mito da “democracia racial” embaça os olhos da sociedade diante de conflitos étnicorraciais, afirma Amilcar Araujo Pereira. Professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em História, ele lançou neste ano, em parceria com a colega Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro, o livro Ensino de História e Culturas Afro-Brasileiras e Indígenas, pela editora Pallas. Na obra, organizadores e articulistas debatem a efetiva aplicação das leis 10.639, de 2003, e 11.645, de 2009, que determinam a inclusão de história e cultura afro-brasileiras e indígenas nos programas pedagógicos das escolas do País. Pereira, carioca de 35 anos, foi professor da rede municipal fluminense durante dois anos em Mangaratiba e já escreveu ou organizou outros dois livros sobre temas correlatos. Ele identifica três razões principais para a disciplina ainda não integrar, de fato, o currículo: falta de materiais didáticos, poucas verbas governamentais para financiar pesquisa histórica e carência de docentes capacitados. 

Emprego do futuro

Em vez de se focar apenas em conteúdos específicos, a escola deveria ensinar o aluno a habilidade de continuar aprendendo. Essa é a aposta do norte-americano Richard Murnane para o papel da escola no futuro. Economista e professor da Faculdade de Educação de Harvard, o trabalho de pesquisa de Murnane desdobra-se em dois temas principais. O primeiro é como as mudanças tecnológicas estão afetando a demanda por habilidades necessárias para o mercado de trabalho norte-americano e como as políticas educacionais estão respondendo a essas transformações. A outra linha de pesquisa é analisar como as desigualdades econômicas nos EUA afetam as oportunidades educacionais de famílias de baixa renda e a eficácia das estratégias utilizadas para melhorar as chances de sucesso dessas crianças. Murnane, expoente da “Educação baseada em evidências”, veio ao Brasil no fim de outubro para debater estudos científicos que analisam a eficácia de diversas políticas educacionais em evento do Instituto Alfa e Beto.

Educação e multiculturalismo


Diário da educação

Há dois anos, André Gravatá, 23, Camila Piza, 32, Carla Mayumi, 43, e Eduardo Shimahara, 41, formavam o Coletivo Educ-ação. De idades e formações diferentes, os quatro partilhavam um sonho: descobrir, ao redor mundo, iniciativas inovadoras e espaços de aprendizagem em sintonia com os desafios do século XXI.
 
Movidos pela inquietação, eles embarcaram em uma viagem que ampliaria suas concepções e experiências a respeito de educação. No itinerário, escolas, comunidades de aprendizagem, cursos formais e não formais dos quatro cantos do mundo – Brasil, Argentina, Estados Unidos, Espanha, Suécia, Inglaterra, África do Sul, Índia e Indonésia. 
 
Assim nascia o livro Volta ao Mundo em 13 Escolas – Sinais do futuro no presente, disponível para download gratuito no site da organização e impresso com o apoio da Fundação Telefônica Vivo.

Salva pela dislexia

A inglesa Sally Gardner, 
autora do premiado Lua de Larvas, 
conta como 
o distúrbio que 
a excluiu da escola abriu a sua imaginação 
e, ironicamente, 
a aproximou 
da literatura.

“Para vocês, sonhadores, que foram deixados de lado na escola e jamais ganharam prêmios. Para vocês, a quem o amanhã pertencerá.” Impossível não pensar na menina disléxica, expulsa de diversas escolas por ser incapaz de ler e escrever, ao ler a dedicatória do livro Lua de Larvas (Editora WMF Martins Fontes, 2014), o mais recente trabalho da escritora inglesa Sally Gardner.
 
Diagnosticada com o distúrbio de aprendizagem quando tinha 12 anos e tendo aprendido a escrever apenas aos 14, Sally sabe muito bem das lacunas deixadas por um modelo de educação padronizado, voltado unicamente para a instrução. “A escola falhou completamente na minha educação, mas a dislexia foi uma janela para a minha imaginação. Passava o dia inventando histórias na minha cabeça”, conta.

Ciência da delinquência

Por Cinthia Rogrigues
Se dependesse da pesquisa acadêmica feita pela Universidade de São Paulo (USP) e instituições parceiras, a redução da maioridade penal não estaria em discussão. Pelo contrário, estariam sendo cobrados os direitos dos adolescentes infratores. Para Roberto da Silva, organizador do livro Ciência da Delinquência, que reúne artigos de pesquisadores de diversas áreas sobre o tema, falta informação qualificada e a academia deveria ser mais ouvida sobre o assunto.
A obra resgata que o primeiro pedido de redução da maioridade penal aconteceu em 1993, após o caso “Champinha”. Na época, o assassinato de um casal de namorados na Região Metropolitana de São Paulo com a participação de um adolescente de 16 anos chocou a opinião pública, estimulada pela ampla cobertura da mídia.
 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Extermínio da população jovem negra" no Brasil

E

O remédio é brincar

Por Sérgio Rizzo
Quantas crianças de hoje, quando os pais lhes perguntam se querem brincar (em casa, na rua) ou ir até um shopping center, optam pela segunda alternativa? A julgar pelo número elevado de crianças em shoppings, principalmente nos fins de semana, inúmeras delas preferem circular por um lugar inteiramente pautado pelos valores da sociedade de consumo (todo fechado, com iluminação artificial) do que se entregar a outro modo, menos previsível e mais inventivo, de gastar (investir?) o tempo. Sem contar aquelas cujos pais nem mesmo cogitaram a primeira opção...
 
Quem associa lazer e tempo livre ao verbo consumir talvez reveja algumas de suas crenças e posturas ao ver o documentário brasileiro Tarja Branca – A revolução que faltava, que faz uma defesa eloquente da brincadeira – lúdica, descompromissada, criativa – não apenas na infância, mas também na vida adulta. Dezenas de entrevistados (entre eles os músicos Antonio Nóbrega e Wandi Doratiotto, e os escritores Braulio Tavares, colunista de Carta Fundamental, e Marcelino Freire) lembram, em seus depoimentos ao filme, o que a vida cotidiana perde ao se esquecer do que todos sabíamos muito bem quando éramos crianças.
 
Uma das perguntas-chave do documentário: saberão disso também as crianças de hoje, boa parte delas vivendo em centros urbanos voltados para o trabalho e o consumo? Dirigido por Cacau Rhoden e produzido pela Maria Farinha Filmes (a mesma de Criança, a Alma do NegócioMuito Além do Peso), Tarja Branca, cujo título refere-se a uma divertida “medicina psicolúdica”, proposta em um dos depoimentos – sugere, ao apresentar visões diversas sobre o tema, que a educação contemporânea se apropriou da brincadeira, sobretudo na escola, como um “conteúdo programático”. Tirou-lhe, portanto, o que havia de mais essencial, o improviso e a falta de regras, para cercá-la de planejamento e cuidados.
 
Como resultado dessa política, teríamos uma geração de crianças, especialmente das classes média e alta, que não foi devidamente apresentada ao universo brincante, ou à “linguagem do espontâneo, da alma”, como resume um dos entrevistados. Pais e professores tendem a extrair do filme reflexões sobre como se comportam em relação ao tema com seus filhos e alunos, mas a provocação de Rhoden pode despertar interesse também entre o público que não se encaixa em nenhum desses papéis, ao fazer um diagnóstico da sociedade de consumo, intolerante, em sua lógica perversa, com a cultura do ócio ou com o “ficar sem fazer nada”. 

//Edição N° 64