sábado, 23 de abril de 2011

"SMM" Projeto Skate

Observado as manifestações culturais, existente na comunidade onde estou inserido  como professor ( Jardim São Luiz, Zona Sul de São Paulo/ SP), identifique que a manifestação esportiva tanto nas aulas de educação física das escolas, quanto nos projetos sociais que trabalham com esportes,  trazem em seu discurso  quatro modalidades esportivas. São elas: Futebol, basquetebol, handebol e voleibol.
Visando romper com essa lógica, e validando a manifestação do skate, que é presente na comunidade e resiste intensamente a pressão imposta pela sociedade dos esportes hegemônicos [Futebol], vi nesta uma  possibilidades de apresentar outro discurso sobre esporte, que vai além da prática.
Socializar e fomentar a prática do skate, com uma proposta pedagógica que possibilite aos praticantes além de aprender andar de skate, um olhar mais ampliado de mundo no que diz respeito as relações sociais ( gênero, classe social, política, cidadania etc ).

Em duplas vivenciando equilíbrio
Vivenciando o equilíbrio
 Observando como remar
Vivenciando a remada
Aprendendo sobre as partes do skate


Por Luiz Alex

O bê-á-bá para conviver com a diversidade sexual


Depois de discutir com uma colega na aula de Educação Física, Alecks- Batista foi abordado dentro dos muros do colégio particular onde estudava pelo pai da menina. “Ele me chamou de bichinha, viado e aidético”, lembra, que na época tinha 16 anos. A diretoria do colégio de classe média alta de Curitiba, no Paraná, não se manifestou sobre a agressão. “E eu me vi ali sozinho.” Hoje com 20 anos, estudante de Ciências Contábeis e gay assumido, Alecks ainda se lembra da sensação de isolamento, das piadinhas e da discriminação praticada pela maioria dos professores e alunos durante o Ensino Médio. Na sua época de escola, Alecks não era convidado para festas ou para jogos de futebol – na maior parte do tempo, circulava acompanhado apenas de amigas mulheres ou com dois outros colegas, também gays.
A situação vivenciada por Alecks não é exceção – investigações realizadas pela Unesco e também pelas ONGs Reprolatina e Pathfinder demonstram que há forte presença da homo-lesbo-transfobia (discriminação contra gays, lésbicas, transexuais e travestis) dentro das escolas brasileiras. Publicada em 2004, a pesquisa da Unesco revelou, por exemplo, que um quarto dos estudantes entrevistados não gostaria de ter um colega homossexual na mesma sala. De acordo com a pesquisa qualitativa realizada pela Reprolatina em 2009 em 11 capitais brasileiras, evasão escolar, tristeza, depressão e até casos de suicídio são observados entre a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) como consequência de um ambiente escolar homofóbico. “O ambiente escolar é em geral hostil para o exercício da diversidade sexual. Os professores não estão preparados e não têm compreensão maior da sexualidade e da homossexualidade”, explica a pesquisadora responsável pelo estudo, Margarita Díaz.
Diante do quadro, o Ministério da Educação, em parceria com entidades ligadas aos direitos LGBTs, produziu um kit de material educativo que será distribuído oficialmente para os professores de 6 mil escolas públicas a partir do segundo semestre deste ano. O projeto – batizado informalmente de “kit anti-homofobia” – é uma das ações do programa federal Escola sem Homofobia. Polêmico, o assunto já vem causando celeuma, principalmente na internet, onde grupos se manifestam acaloradamente a favor e (principalmente) contra o material, chamado de “kit gay” pelos seus opositores.

O kit
Destinado ao Ensino Médio, o kit é composto de caderno, pôster, carta ao gestor da escola, seis boletins (boleshs) e cinco vídeos. “É um material para a promoção dos direitos humanos, com o objetivo de fazer da escola um espaço de todas as pessoas, onde se possa aprender a conviver com a diversidade”, justifica Maria Helena Franco, uma das coordenadoras de criação do kit de material educativo. Considerado peça-chave do kit, o caderno é um livro de 165 páginas, no qual o educador encontra referências teóricas, conceitos e sugestões de atividades e oficinas para se trabalhar o tema da diversidade sexual nas escolas. “O caderno ensina como fazer um projeto político-pedagógico a ser assumido pela escola como um todo sobre esse enfrentamento da violência homofóbica”, conta Maria Helena. Escritos em linguagem jovem e acessível, os boletins seriam distribuídos entre os estudantes e também tratam da temática da diversidade sexual, com jogos, depoimentos e sugestões de filmes.
Entretanto, o objeto de maior polêmica é a parte audiovisual do kit, que inclui três pequenos vídeos produzidos especialmente pela ONG Ecos, que trabalha com o tema desde 1989. Produzidos com diferentes estéticas – teledramaturgia tradicional, animação de fotos e desenhos – os vídeos abordam de forma coloquial temas específicos como lesbianidade, transexualidade e bissexualidade. “São temas muito estigmatizados e pouco compreendidos”, explica Vera Lúcia Simonetti Racy, uma das coordenadoras da criação do kit do material educativo.
Criado por uma equipe multidisciplinar, o kit completo levou cerca de dois anos para ser pesquisado, construído e validado. Apenas o roteiro de um dos filmes, sobre o namoro de duas meninas, demorou oito meses para ser aprovado.
Ousada e polêmica, a proposta do material educativo atende a uma demanda das entidades que lutam pelos direitos LGBTs e também dos educadores – que não encontravam subsídios para trabalhar o tema em aula – além de estar articulada com políticas públicas de combate à homofobia de maneira geral. “O que a gente quer é que o professor esteja atento a essa situação de homofobia. A escola precisa ser um espaço de respeito e de formação cidadã.”, conclui Carlos Laudari, presidente da ONG Pathfinder.

Preconceito velado
Realizada em Manaus, Porto Velho, Recife, Natal, Goiânia, Cuiabá, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba, a pesquisa da Reprolatina procurou investigar qual era o conhecimento e a atitude prática de educadores e alunos a respeito da homofobia nas escolas. Foram entrevistadas 1,4 mil pessoas, desde secretários da Educação até pessoas que fazem parte do cotidiano da escola, como merendeiras e porteiros, passando por diretores, coordenadores, professores e estudantes.
Foi detectado um ambiente altamente homofóbico – resultado semelhante em todas as cidades – uma realidade, porém, em geral negada pela comunidade escolar. Segundo Margarita Díaz, quando perguntados sobre a existência de homofobia na escola, a resposta dos participantes da pesquisa era quase sempre negativa. Entretanto, quando se começava a discutir sobre o que acontecia quando havia a presença de um menino gay ou uma menina lésbica na escola, os relatos mostravam muitas piadas e atitudes potencialmente ofensivas. Tais reações não eram catalogadas como homofobia. “Elas são enxergadas como brincadeiras. Na verdade, essa ‘brincadeira’ é, sim, uma reação homofóbica, mas ela está muito naturalizada”, explica Margarita.
A ausência de aulas sobre educação sexual que contemplem a diversidade também é apontada como um dos fatores que contribuem para a permanência da homofobia nas escolas. Segundo especialistas, a educação sexual disponível para a maioria dos estudantes é essencialmente heteronormativa, ou seja, reproduz um modelo que coloca a heterossexualidade como norma, o que acaba classificando outras manifestações de gênero, amor e sexualidade como desvios. “É uma educação sexual baseada no senso comum da sociedade, e não uma educação sexual antenada com as políticas públicas”, conta Margarita Díaz. Outro ponto percebido durante a pesquisa era o desconhecimento pelos educadores da existência de políticas públicas voltadas ao combate da homofobia.

Evasão escolar
Além de casos de violência física, uma forma quase invísivel de violência nas escolas – que inclui o isolamento, rejeição, brincadeirinhas e piadas – também costuma marcar os jovens homossexuais para a vida toda. “Especialmente na adolescência, a gente quer se enturmar. Quando você é rejeitado pelos seus pares, é um sofrimento horrível”, conta a terapeuta especializada em diversidade sexual e questões de gênero, Edith Modesto, que também é fundadora do Grupo de Pais de Homossexuais (GPH) e do Projeto Purpurina, que atende jovens de 14 a 24 anos. “Eles falam da escola com muita mágoa, lembram da discriminação, do desprezo e da rejeição.”
O quadro é ainda mais grave quando se analisa a situação de estudantes transexuais e travestis. Segundo especialistas, não há espaço para eles na escola. Além de o preconceito ser maior, questões como o uso do nome social na chamada ou até mesmo situações prosaicas como qual banheiro o jovem travesti deve usar pesam e acabam contribuindo para o abandono da escola. “Existe uma porcentagem dos nossos jovens que está sendo socialmente discriminada e forçada a assumir um papel sexual que não é dela”, lamenta Carlos Laudari. “A gente pretende que a escola seja uma escola cidadã, em que o aluno brasileiro aprenda a viver com a diferença.”
“Outro aspecto importante da necessidade de esse tema estar na escola é que certos jovens acabam saindo, porque o sofrimento é tão grande e o ambiente é tão agressivo que a criança ou o adolescente acaba desistindo de estudar. Os índices de evasão escolar são significativos para essa população”, explica Vera Lúcia. Segundo ela, o papel mais importante do kit anti-homofobia é informar e contribuir para erradicar a violência e o preconceito. “Na medida em que você trabalha esse tema na escola e consegue criar uma convivência melhor e mais respeitosa, isso acaba se refletindo nas relações sociais como um todo.”


Por Tory Oliveira

segunda-feira, 28 de março de 2011

MEC defende brincadeiras em toda a educação infantil

A coordenadora de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, Rita de Cássia Coelho, fala sobre a importância da brincadeira nos primeiros anos escolares.


Qual a ênfase que o documento 'Diretrizes Nacionais da Educação Infantil' dá à importância do brincar na educação infantil? É suficiente?
COELHO: As novas diretrizes da educação infantil dão à brincadeira um papel estruturante. Elas determinam que o currículo da educação infantil deve ser estruturado a partir de dois eixos: interações e brincadeiras.
De acordo com as diretrizes, a brincadeira tem uma função importante que estimula a imaginação da criança. Por meio do brincar é que a criança vai significar e ressignificar o real, tornar-se sujeito e partícipe. Ao brincar, as crianças exploram e refletem sobre a realidade e a cultura na qual vivem, incorporando-se e, ao mesmo tempo, questionando regras, papéis sociais e recriando cultura. Nos jogos de faz de conta, por exemplo, a criança recria situações que fazem parte de seu cotidiano, trazendo personagens e ações que fazem parte de suas observações. As brincadeiras são repletas de hábitos, valores e conhecimentos do grupo social ao qual pertence. Por isso dizemos que a brincadeira é histórica e socialmente construída.
Brincar implica troca com o outro, trata-se de uma aprendizagem social. Nesse sentido, a presença do professor é fundamental, pois será ele quem vai mediar as relações, favorecer as trocas e parcerias, promover a integração, planejar e organizar ambientes instigantes para que as brincadeiras aconteçam.
O professor precisa refletir sobre a importância e o papel das brincadeiras no seu trabalho. E deve fazer de todas as atividades de educar e cuidar um brincar: no banho, nas trocas, na alimentação, na escovação dos dentes, na "contação" de histórias, no cantar, no relacionar. Brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecido e construir o novo.
Portanto, do ponto de vista de diretrizes é suficiente, importante e decisivo o que dizem sobre brincadeira. O desafio é como concretizar isso.
Diante de um tema tão importante nos anos iniciais, o MEC planeja desenvolver uma ação diferenciada ou uma pesquisa?
O Brasil tem vários grupos de pesquisadores que se dedicam a essa questão e eles apontam evidências sobre a importância do brincar. O Ministério da Educação dá providências para implementar uma compra governamental de brinquedos, entendidos como materiais pedagógicos da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental.
O que queremos com isso é dar uma identidade à educação infantil e aos anos iniciais do ensino fundamental coerente com as características desta faixa etária e com as necessidades das crianças.
Como avalia o tempo e o espaço dedicados ao brincar?
Na educação infantil todo tempo deveria ser de brincadeira. O brincar não é só uma atividade, mas uma forma de estabelecer relações, de produzir conhecimento e construir explicações. Então, na verdade, não deveria existir tempo de brincar pois na educação infantil a brincadeira deve ser contínua.
A questão do espaço é um dos grandes desafios, pois na educação infantil eles são precários, principalmente nos grandes centros urbanos em que a disponibilidade é limitada. O espaço muitas vezes é insuficiente não só para a brincadeira, mas até para o conforto das crianças. É preciso pensar em como melhorar a qualidade dos espaços. O interessante é que com o brincar, as crianças conseguem transformar os espaços. Por isso é importante a escola potencializar outros espaços disponíveis como as áreas externas, no entorno do prédio escolar.
O Ministério da Educação oferece assistência financeira aos municípios e ao Distrito Federal para construção, reforma e aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da educação infantil, por meio do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância).
Iniciado em 2007, o programa formalizou até agora 2.348 creches em 2.151 municípios. Incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), prevê o repasse de recursos para a construção de 1.500 escolas em 2011.


terça-feira, 15 de março de 2011

" Memes" Vírus da Mente

 
"Vírus da Mente" vai fazê-lo pensar sobre pensamentos, com o perdão da redundância. Você descobrirá que muito do que você fala, defende, critica, julga, odeia, venera foi implantado em sua mente por poderosas estruturas, como a religião, a publicidade, a TV, o cinema, os jornais, as revistas, os gibis, a internet, seus ídolos, amigos...
Brodie sustenta que o homem é infectado pelos "vírus da mente", os memes, ideias que são marteladas desde a nossa infância, uma repetição potencializada pela internet, as redes sociais, em que vamos incorporando, sem perceber, novas percepções da realidade.

Comos somos programados
"Há dois tipos de pessoas no mundo: as que entram numa sala e ligam a televisão, e as que entram numa sala e a desligam." 
Você sabe o que é um meme - um pensamento, uma crença ou atitude em sua mente, que podem ser transmitidos para outras mentes, ou delas para a sua. Você sabe que nós, seres humanos, somos o veículo para a evolução dos memes. Você entende como a evolução funciona por meio da seleção natural - a sobrevivência dos mais aptos. E também já sabe como nossa evolução genética nos dotou de "botões": tendências a prestar especial atenção a certas coisas - principalmente ao perigo, ao alimento e ao sexo - que nos ajudaram a sobreviver e a nos reproduzir nos tempos pré-históricos.
Agora vem a parte assustadora  desconcertante:
Os memes entram em nossa mente sem pedir permissão. Eles se tornam parte de nossa programação mental e influenciam nossa vida sem que nós nem mesmo tenhamos consciência disso.

Infecção por memes
Somos infectados por novos memes de três modos distintos.
- O primeiro modo de infecção é o que ocorre por condicionamento, ou repetição. Se ouvirmos alguma coisa sendo repetida muitas vezes, ela se tornará parte de nossa programação. Os publicitários e vendedores sabem disso muito bem. Qualquer bom livro sobre vendas deixa claro que a maioria dos clientes só se decide a comprar algo depois de cinco a sete tentativas do vendedor. É preciso repetir tantas vezes assim para implantar no cliente o meme "compre-me".
- O segundo modo ocorre por meio de um mecanismo conhecido como dissonância cognitiva. Quando as coisas não fazem sentido, nossa mente luta para torná-las compreensíveis e lógicas.
Imagine, por exemplo, que um amigo esteja chateado com você, mas que você não sabe por que ele está assim. Você tem dois memes em conflito - amigo e chateado amigo. Para resolver o conflito, ou a dissonância, você cria novos memes, reorganizando sua programação memética para que as coisas voltem a fazer sentido. "Ah, ele está chateado porque pagou o almoço nas últimas três vezes", talvez você conclua. Certo ou errado, você agora tem um novo meme sobre seu amigo e o almoço, e esse meme vai influenciar seu comportamento futuro.
Ouvi dizer que os gênios formulam suas ideias originais mais brilhantes por meio da dissonância cognitiva autoimposta. Como você pode ver, então, esse método de programação funciona particularmente bem com pessoas inteligentes, porque, na verdade, você acredita que o novo meme é ideia sua.
- O terceiro modo como os memes entram em nossa mente consiste em tirar vantagem de nossos botões genéticos à maneira do cavalo de Troia. Como vimos, por causa de nossa natureza há certas coisas às quais tendemos a ficar especialmente atentos, como os avisos de perigo, os gritos de crianças e a atração sexual. Somos suscetíveis e feixes de memes que acionam nossos botões em busca de atenção e, depois, introduzem sorrateiramente alguns outros menes junto com eles.
O fato de sermos simplesmente programados por novos memes não é igual a pegar um vírus mental plenamente desenvolvido, mas os vírus mentais recorrem a um desses métodos, ou a todos eles, quando fazem sua invasão inicial de nossa mente.

Livro " Virus da Mente"
Autor: Richard Brodie
Editora: Cultrix

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Do Olimpo ao “paredão”

Olimpianos são o seleto grupo de pessoas que, nos termos do visionário sociólogo francês Edgar Morin, ocupam a privilegiada condição de onipresentes nos mass media. O que lhes garante este status é uma visão distorcida de interesse público: a idéia de que a overdose de exposição desta trupe agrada ao paladar de uma numerosa audiência e, portanto, traduz-se em muito dinheiro no bolso. Lógica capitalista pura.
O resultado desta lógica é que, independentemente de serem geniais ou medíocres, os “olimpianos” são notícia por tudo o que fazem – e até pelo que não fazem, desde que isso se reverta em audiência. Isto vale especialmente para seus erros, fraquezas, escândalos e atos exóticos, em relação aos quais os mas media se comportam feito hienas no cerco às presas.
O mais grave é que grande parte dos “olimpianos” são celebridades midiáticas de fast food, efêmeras mercadorias de carne e osso que se destacam apenas pela aparência, rebeldia ou exotismo; raramente, pela cultura e inteligência. Sua popularidade se justifica pelo único propósito de serem digeridas e descartadas no embalo das conveniências dos chefs cuisines da grande mídia.
Ocorre que, uma hora, esta tigrada cansa e abusa da enorme indulgência dos brasileiros com este tipo de aberração, convertendo-os em críticos ácidos das suas tolices. Foi o que aconteceu na semana passada, quando o Ministério Público Federal tomou a corajosa decisão de apoiar a nota divulgada no último dia 17 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil na qual a CNBB condenava o “baixo nível moral” dos reality shows – habitat supremo das celebridades midiáticas de fast food.
Com a palavra, o subprocurador-geral da República, Aurélio Rios: “Achamos que (a atração) é um grande desserviço e serve muito à deseducação. Não estimula a criação, o princípio de solidariedade, os valores éticos da pessoa e da família”.
Um dado para quem supõe que estas iniciativas partiram da Congregação da Doutrina da Fé, no Vaticano, ou dos antigos porões do DOI-CODI: só o BBB10 foi alvo de 400 denúncias no MPF. Entre elas, homofobia, incitação à violência e inadequação quanto ao horário de exibição. Ou seja: a própria sociedade começa a rejeitar este tipo de programa.
Por estas e tantas outras razões, faz todo sentido a decisão do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de defender o marco regulatório do setor, que deverá resultar na criação de uma agência específica para cuidar do conteúdo veiculado pelas empresas de radiodifusão.
No caso em análise, assim como ocorre em qualquer país desenvolvido do mundo, a mídia televisiva precisa de limites. Não passa de reducionismo supor que o fato de podermos prestigiar a concorrência u desligar a TV resolve o problema. Se a concessão das rádios e TVs é restrita a políticos, empresários e poderosas corporações de mídia e se a baixa qualidade é problema comum a todas emissoras, é evidente que não basta mudarmos o seletor de canais para termos boa programação. Mudar de canal, como se diz no adágio popular, é trocar seis por meia dúzia.
Tem razão o diretor de Redação da Carta Capital, Mino Carta, quando classifica a imprensa de “mídia medieval”. Nosso consolo é saber que, ainda que tardiamente, há quem esteja preocupado em colocá-la, bem como suas crias – as celebridades midiáticas de fast food – no seu devido lugar: o “paredão” da lei, como diriam os brothers.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O iPad em sala de aula

Lançado em abril de 2010 e desde dezembro disponível oficialmente no Brasil, o iPad promete revolucionar a maneira como o conteúdo digital é acessado por seus usuários. Ostentando o visual de um “iPhone gigante”, com sua tela de touch-screen, o iPad trabalha como um computador portátil – é possível redigir e-mails, acessar sites na internet, exibir vídeos e ler versões digitais de livros, jornais e revistas. Além disso, como já acontecia com outros produtos do gênero, existe uma imensa gama de aplicativos desenvolvidos especialmente para o tablet da Apple. Baixados de forma gratuita ou a custo- de poucos dólares, os aplicativos (ou “apps”) são uma espécie de programa que acrescenta novos recursos ao iPad, como um jogo, um editor de texto mais arrojado ou um visualizador de mapas.
Apesar de a esmagadora maioria dos aplicativos ainda estar ligada ao mundo dos jogos eletrônicos e do entretenimento, uma pesquisa da Distimo, empresa especializada na análise de lojas de aplicativos, apontou que 8% dos cerca de 200 mil aplicativos produzidos em 2010 são voltados para a educação – atrás apenas dos games e do entretenimento. “De 15 anos para cá, estamos vivendo uma grande mudança na educação, com a chegada dos computadores e, principalmente, com a popularização da internet”, explica Luciana Allan, diretora do Instituto Crescer para a Cidadania e especialista em tecnologia aplicada à educação. “O iPad é mais uma tecnologia que chega às escolas e que tem mais um fator: a mobilidade. Ao contrário do que acontecia com os primeiros computadores, o aluno pode levar o iPad para qualquer lugar.”
O preço do tablet é salgado – a versão mais barata, de 16 GB, custa 1.649 reais. Não é para qualquer bolso, mas para quem gosta de tecnologia vale a pena conhecer a novidade. Veja alguns aplicativos que podem ser usados por professores e alunos em diferentes disciplinas em sala de aula.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Morte e vida nas favelas

A redução da explicação da criminalidade violenta à pobreza e desigualdade impede um entendimento mais complexo da questão. As interconexões entre a economia legal e a ilegal nos tráficos é também pouco acionada nas teorias necessárias para políticas públicas mais eficazes e democráticas. A disseminação das práticas do crime organizado, longe de se restringirem ao tráfico de drogas ilegais, inclui o tráfico de armas, de crianças e de mulheres, à corrupção.
Tampouco permite analisar os efeitos inesperados da violência que aumenta o sofrimento dos pobres. Isso na medida em que os obriga a viver entre tiranias – a dos traficantes e a das polícias – e limita seu ir e vir, sua liberdade- de expressão na vizinhança, além de tornar vulneráveis os jovens carentes. O acesso aos serviços e instituições do Estado – escolas, postos de saúde, quadras de esporte e vilas olímpicas – ficou restrito também para os profissionais que atendiam a população.
Nas favelas e bairros pobres adjacentes das grandes cidades brasileiras o policiamento é precário, a investigação, muitas vezes inexiste, diferentemente do que acontece nos bairros mais ricos da cidade. Este é um elemento importante na equação que vai explicar a existência de pontos quentes de crimes violentos, especialmente o homicídio, um crime quase nunca investigado nas áreas onde há favelas dominadas por traficantes. Além da vulnerabilidade que a pobreza cria, a rede de relações sociais e de proteção institucional do sistema de justiça tem enormes falhas em tais locais.
Em São Paulo, uma pesquisa apontou o homicídio como crime de pobres contra pobres. As autoras ressaltaram dois aspectos: 46,3% dos bairros visitados, todos nas zonas mais carentes da cidade, não contavam com ronda policial; a maior parte dos casos decorria de conflitos banais na periferia que poderiam ser evitados com políticas públicas que criassem formas de mediação na vizinhança ou na família. Por fim, a maior parte das vítimas teve morte anunciada e seus familiares sabiam do destino por terem elas vinculações com traficantes de drogas ilegais, seja como usuários contumazes, seja por participação em outros crimes.
No Rio de Janeiro, estimativas demográficas indiretas, a partir de dados censitários de 2000, permitiram a comparação entre diferentes regiões administrativas (RA) da cidade, entre as quais figuram as cinco mais populosas favelas em diferentes zonas da cidade. Por meio delas é possível identificar as regiões de maior risco de mortes violentas, estimando a probabilidade de se morrer jovem, antes dos 30 anos para quem sobreviveu até os 15, visto que nesta faixa de idade 80% das mortes são violentas.


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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Plano Nacional da Educação é encaminhado ao Congresso

O projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020 foi encaminhado ao Congresso Nacional na manhã desta quarta-feira 15. A solenidade ocorreu no Palácio do Planalto com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro da Educação, Fernando Haddad, além de representantes da Conferência Nacional de Educação (Conae), responsáveis pela elaboração da nova proposta.
Criado em 1996 para estabelecer os principais objetivos da educação nacional por dez anos, a primeira versão do PNE, que vigorou entre 2001 e 2010, foi marcada pelo excesso de metas. Das 295, menos de 30% foi cumprida até o final deste ano. “O importante é fixar menos metas e fiscalizá-las. Quando se vigia a ação, fica mais fácil adequar os meios às finalidades propostas”, defendeu o pedagogo Dermeval Saviani em entrevista à Carta na Escola (leia a matéria de Fernando Vives). Nesse aspecto, o novo PNE parece ser promissor: são 20 metas e dez diretrizes objetivas que contemplam valorização dos professores, acesso aos ciclos de ensino do infantil ao superior, alfabetização, entre outros.
Outro ponto que diferencia os dois planos trata de financiamento. Quando foi aprovado, o primeiro PNE previa que 7% do PIB brasileiro deveria ir para a educação, mas o então presidente Fernando Henrique Cardoso vetou a proposta. Com a aprovação da Emenda Constitucional 59, no final de 2008, o Presidente da República fica obrigado a destinar um porcentual do PIB à área. O texto enviado ao congresso por Haddad e Lula estipula os mesmos 7%.
Uma vez enviado ao Congresso, o projeto de lei será discutido no próxima administração. A previsão é de aprovação no primeiro semestre de 2011.
Metas e desafios
Cerca de 20% das metas afetam a valorização e formação do corpo docente. Primeiro, o PNE estipula que todos os professores do ensino básico deverão ter ensino superior, sendo metade com formação continuada com pós-graduação. Além do mais, os sistemas de ensino terão de elaborar, num prazo de dois anos, planos de carreira para o magistério.

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Ministro da Educação afirma que salário de professor será prioridade no governo Dilma

O Ministério da Educação do governo Dilma Russef deverá ter participação mais ativa nas questões que envolvem o professor, informou o ministro Fernando Haddad em entrevista.
"A novidade é o Plano Nacional de Educação, com 20 metas definidas em 170 estratégias [enviado ao Congresso na semana passada]. Tem foco acentuado no professor. Uma das metas é equalizar o salário com os outros profissionais de nível superior [hoje, há diferença de 60%]."
Ele ainda defendeu o MEC da responsabilidade sobre falhas no Enem e afirmou que o ideal é ter mais de uma prova por ano.
"Os problemas mais marcantes tiveram origem no setor privado, não no público. Uma gráfica pecou [2009] por falta de segurança e a outra por excesso de segurança [2010], porque a conferência de todos os lotes de prova dependia de um manuseio que se tentou evitar ao máximo para que não se repetisse o que houve no ano passado", comunicou.
Haddad disse que problemas como esse ocorrem em todos os lugares onde há exames desse porte. "Ou bem aproveitamos para aprender com as eventuais falhas sem abdicar de um processo transformador ou essa evolução não vai se dar por um temor que é justificável, mas superável."

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Alckmin vai mudar a progressão continuada na rede de ensino a partir de 2012

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu alterar a progressão continuada na rede estadual de ensino. A principal mudança deverá ocorrer no sistema de reprovação dos estudantes.
Hoje, o aluno do fundamental só pode repetir ao final do quinto e do nono ano. A ideia é que a retenção ocorra também no terceiro ano. Assim, o número de ciclos sobe de dois para três. A antecipação da reprovação permite que o aluno com sérias dificuldades seja recuperado mais rapidamente (em vez de demorar cinco anos para refazer uma série, passe a ser depois de três).
A Folha apurou que já está finalizado estudo com o novo desenho do programa. "Pessoalmente, acho que vamos ficar mesmo com três ciclos", afirmou o novo secretário-adjunto da Educação, João Cardoso Palma Filho, ao ser indagado pela reportagem. Ele ressaltou, porém, que o assunto ainda está em análise na secretaria.