quinta-feira, 23 de junho de 2011

Brasil vence Austrália por 1 X 0 “ Sub 17”


O gol da partida foi marcado pelo o meia “Adryan do Flamengo” de falta aos 31 minutos do segundo tempo. A partida foi no México em Guadalajara. O Brasil não jogou bem, mas  conseguiu a classificação para as oitavas de final da competição com uma rodada de antecedência.
O Brasil criava jogadas, teve mais tempo com a posse de bola, porém não repetiu o bom desempenho da estréia contra a Dinamarca. Caso passe com líder, vai encarar o segundo colocado do Grupo E na próxima quarta, em Guadalajara, pelas oitavas de final. O Panamá deve ser o adversário brasileiro.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Seleção brasileira de vôlei desembarca em Tulsa

A seleção brasileira de vôlei desembarcou na tarde desta terça-feira em Tulsa, em Oklahoma, nos Estados Unidos, onde enfrenta a seleção norte-americana na sexta-feira e no sábado, pela segunda fase da Liga Mundial de Vôlei. Com 21 pontos no Grupo A, o Brasil garante vaga antecipada na fase final do torneio se vencer os dois confrontos, mas a tarefa não será tão simples, já que o adversário foi o único que conseguiu derrotar o time de Bernardinho neste ano, no segundo jogo em Belo Horizonte.
Além dos americanos, que somam 15 pontos na chave, restam ainda dois jogos da seleção brasileira com a Polônia, que mesmo com 12 pontos já está garantida na última fase por ser a sede da competição. Para o técnico Bernardinho, as quatro partidas serão as mais difíceis do ano até o momento.
Fica ai a nossa torcida............................

terça-feira, 14 de junho de 2011

Senado aprova combate ao bullying


O Senado aprovou nesta terça-feira projeto que obriga os estabelecimentos de ensino a adotar condutas para prevenir e combater a prática do bullying de intimidação e agressão entre os estudantes.
O texto inclui na LDB (lei de diretrizes e bases da educação) artigo que determina às escolas promover um "ambiente escolar seguro" com estratégias de prevenção e combate à prática do bullying.
Como o projeto foi aprovado em caráter terminativo pela Comissão de Educação do Senado, sem a necessidade de passar pelo plenário, segue para votação na Câmara.
Atualmente, na legislação brasileira, não há a previsão de combate ao bullying nos ambientes escolares - apenas menções indiretas à sua prática. A Constituição prevê, por exemplo, assegurar à criança e ao adolescente ambiente a salvo de toda forma de negligência, discriminação, crueldade e opressão  mas sem nenhum menção ao bullying. O mesmo ocorre no Estatuto da Criança e do Adolescente, que não inclui o bullying entre os seus artigos.
Autor do projeto, o senador Gim Argello (PTB-DF) afirma que o Brasil precisa adotar medidas para combater à prática por considerar os efeitos do bullying 'deletérios' especialmente às crianças.
"Ele afeta indivíduos de tenra idade, cuja personalidade e sociabilidade estão em desenvolvimento. Além disso, a vulnerabilidade das vítimas costuma ser acentuada pelo fato de apresentarem alguma característica que as torna diferentes da maioria dos alunos, justamente o que as faz alvos preferenciais dos praticantes".
Pelo texto, as escolas ficam obrigadas a prevenir a prática, capacitar técnica e pedagogicamente os profissionais de educação (incluindo não docentes) contra o bullying e promover a interação entre educadores e pais de alunos. O projeto também determina a articulação entre gestores educacionais e seguranças do bairro para garantir a proteção dos estudantes, além da conscientização das crianças e jovens sobre as consequências do bullying.
"A novidade do projeto é avocar ao sistema educativo escolar, à responsabilidade de cada escola, a incumbência de prevenção e combate ao bullying, muito bem definido como práticas de intimidação e agressão recorrentes contra pessoas, em geral diferentes e indefesas", disse o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), relator do projeto.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O bullying e a omissão


No dicionário Webster, a definição é clara: bullying é tratar abusivamente, por meio de força ou coerção. É necessário, portanto, que o agressor seja alguém ou um grupo de pessoas com superioridade física ou mental que maltrate sua vítima de maneira intencional e repetitiva. É preciso diferenciar bullying de assédio, no qual não é necessária superioridade física e a coerção tem um objetivo claro, comumente a vantagem sexual. Outra situação diferente é o bullying cibernético, no qual não há contato físico. Em geral, a vítima não identifica seu agressor, o abuso não ocorre em tempo real e a vítima entra no espaço virtual por vontade própria. No ciberbullying, há outras abordagens.
Os exageros no uso do termo bullying como causa do comportamento antissocial são prejudiciais porque podem acobertar outras psicopatias graves ou que merecem tratamento totalmente distinto. Hoje, o bullying parece ser a desculpa preferida dos que têm personalidade psicopata e dos que têm um comportamento que está no limbo, entre o normal e o patológico. No início de abril, em uma conferência sobre o tema ocorrida na Casa Branca e patrocinada pelos Obama, o próprio presidente dos EUA declarou ter sido vítima de bullying. Dá para imaginar o efeito disso se realmente o bullying tiver um crucial papel na criação de assassinos? Nem todo assassinato ocorre porque o criminoso apanhava do pai ou sofria nas mãos dos colegas.
O problema do bullying é mais embaixo. Mais comum entre as crianças, existe na maior parte do caso uma superioridade física do agressor e uma baixa autoestima da vítima. Parece um tema atual, mas o termo já era usado no século XVII. E quem não se lembra de um João Grandão que batia sem motivo em todo mundo da classe? De acordo com o doutor  Guilhermo Bigliani, especialista na área, 63% das trabalhadoras brasileiras são vítimas de bullying, principalmente as negras. O bullying é grave, pois demonstra uma falta de intervenção de alguém mais poderoso que o agressor para proteger a vítima.
Na Inglaterra pós-crise, 54% dos jovens estão envolvidos em bullying, e um terço das crianças é vítima ou agride os seus irmãos. No Brasil, mais de 40% da população escolar, segundo a Sociedade Brasileira de Combate ao Bullying, já sofreu abusos do gênero. Nas culturas capitalistas, o bullying é mais tolerado e praticado quanto maior for a pobreza.
Nas civilizações primitivas, o bullying era prontamente coibido pelo interventor que estava sempre próximo das crianças e não tolerava transgressões. Apesar de não escrita, a lei estava incrustada no comportamento automático das pessoas. Hoje, tudo está no papel, mas ninguém lê.
Agora, uma criancinha de 4 anos que conversa com a coleguinha na sala de aula vai para a cadeira do isolamento, enquanto um jovem de 16 anos pode arrebentar a cara do colega na sala de aula e o professor, com medo de ser agredido, finge não ver. Este é o problema verdadeiro: a punição do comportamento que é adequado e a tolerância do interventor ao comportamento antissocial que promove o bullying.
O bullying não ocorre apenas em crianças. Uma discussão extremamente didática sobre o tema entre três especialistas na área, entre eles o dr. Bigliami, e que se transformou em livro a ser editado ainda neste ano, com o título Humilhação e Vergonha, Diálogo Sistêmico Psicanalítico, deverá ter espaço na cabeceira de professores. A obra expõe como a nossa sociedade, moderna e caótica, permite a ascensão do bullyboy ou bullygirl no Estado ou nos altos cargos de direção de empresas, provocando depressão, ansiedade e até suicídio entre as vítimas. A doutora Young Shin Kim, da Universidade de Yale (EUA), analisou 37 estudos de 13 países diferentes e notou que as vítimas de bullying têm até nove vezes mais pensamentos suicidas que indivíduos que não sofreram tal abuso. Para ela, quem sofre bullying pode não estar tão sujeito ao risco de se tornar assassino, mas com certeza é um suicida em potencial. •
Por  Rogério Tuma

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Proseando

Prosear é um jeito de falar. Fala sem objetivo definido, como o vôo dos urubus - indo ao sabor do vento. Palavras fluindo. Um jeito taoísta de ser. Para prosa não existe 'ordem do dia', não há conclusões, não há decisões. A prosa não quer chegar a nenhum lugar. A prosa encontra sua felicidade em prosear. Como andar de barco a vela em que o bom não é chegar mas o 'estar indo'. 'A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia', Guimarães Rosa. Prosear é brincar com as palavras. Escrevi uma crônica com o título Tênis x Frescobol,sobre dois tipos de fala. Fala do tipo Tênis tem um objetivo preciso: reduzir o outro ao silêncio por meio de uma cortada. Ter razão. Ganhar o argumento. Convencer. Sempre termina mal. Um ganha, fica feliz e se sentindo superior. O outro perde, fica com raiva e se sentindo inferior. Frescobol é diferente. A felicidade do jogo está em estar acontecendo, em não parar, vai, vem, vai, vem, vai, vem, como numa transa indiana, sem orgasmo, feita de um prazer permanente que não acaba. O orgasmo na transa, como a cortada no tênis, são o fim do brinquedo. Saber prosear, jogar conversa fora, é o segredo das relações amorosas. Nietzsche dizia que quando se vai casar a única pergunta importante a se fazer é 'terei prazer em conversar com essa pessoa quando eu for velho?' Nessa sala estaremos proseando. Falar sobre o que der na telha. Pensamentos avulsos. Dicas. Informações sobre as coisas novas na minha casa. Apareça sempre para prosear! 

sábado, 30 de abril de 2011

O diabo e a escola

Conta o pedagogo suíço que um dia, deu o diabo uma saltada na terra e verificou, não seu despeito, que ainda cá se encontravam homens que acreditassem no bem, homens bons felizes. O diabo concluiu, do seu ponto de vista, que as coisas não iam bem, e que se tornava necessário modificar isso. E disse consigo mesmo: " A infância é o porvir da raça; comecemos, pois, pela infância. Mas mudar a infância como?! De repente, teve uma idéia luminosa: Criar a escola. E, seguindo o conselho diabo, criou-se a escola.

A criança adora a natureza: encerram-na dentro de casa. A criança gosta de brincar: obrigam-na a trabalhar. A criança pretende saber se a sua actividade para qualquer coisa: fez-se com que a sua actividade não tivesse nenhum fim. Gosta de mexer-se: condenam-na à imobilidade. Gosta de palpar objectos: ei-la em contacto com idéias. Quer servir das mãos: é o cérebro que lhe põem em jogo. Gosta de falar: impõe-lhe o silêncio. Quer esmiuçar as coisas: constragem-na a exercícios de memória. Pretende buscar a ciência de motu próprioé-lhe servida já feita. Desejaria seguir a sua fantasia: fazer-na vergar sob o jugo do adulto. Quereria entusiarmar-se:inventaram-se os castigos. Quereria servir livremente: ensinou-se-lhe a obedecer passivamente. O diabo ria pela calada!
A criança aprendeu  a adaptar-se a estas condições artificiais. Dir-se-ia, por um instante, que a escola levava a melhor. O diabo julgava-se vitorioso. Mas, de súbito, a história vira-se do avesso. O diabo calculara mal o negócio: esquecera-se de fechar a escola a sete chaves. " E viu-se a pequenada fugir para os bosques, trepar às árvores, e até fazer caretas ao pretenso homem de Deus. Viram-nos correr à aventura, governarem a vida, tornarem-se fortes, práticos, engenhosos e perseverantes.[...] o diabo, então, deixando de rir à socapa, rangeu os dentes, ameaçou com o punho, berrou: Maldita geringonça! E eclipsou-se. E com ele desapareceu a escola, que tão sabiamente imaginara.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jogo Educacional para ensinar fundamentos do voleibol

Modalidade: Voleibol

Faixa Etária: 09 a 11
Nome do jogo: Cortada ao gol
Material: Bolas de EVA , redes de voleibol, cones.

Organização do espaço de jogo:  Montar a rede na quadra de voleibol; a altura da rede deve ser de acordo com as características das crianças; colocar dois cones na linha de fundo da quadra de voleibol, um em cada extremidade ( os gols ).
OBSERVAÇÃO: o espaço para realização do jogo cortada ao gol, não depende da quadra de voleibol. O professor pode realizar essa atividade em qualquer espaço que seja possível prender a rede de voleibol.


Descrição do jogo: Dividir o grupo em duas equipes, cada equipe deve ficar de um lado da quadra de voleibol. O objetivo dos jogadores é arremessar e ou rebater a bola por sobre a rede de voleibol em direção ao gol adversário utilizando as mãos. Sempre que a bola arremessada ou rebatida por sobre a rede, passar entre os cones ( o gol ) adversário é considerado ponto. Todos os integrantes das equipes podem atacar e defender. Para defender o participante pode usar qualquer parte do corpo.
Ganha o jogo a equipe que marcar mais pontos.



Professor Luiz Alex

sábado, 23 de abril de 2011

"SMM" Projeto Skate

Observado as manifestações culturais, existente na comunidade onde estou inserido  como professor ( Jardim São Luiz, Zona Sul de São Paulo/ SP), identifique que a manifestação esportiva tanto nas aulas de educação física das escolas, quanto nos projetos sociais que trabalham com esportes,  trazem em seu discurso  quatro modalidades esportivas. São elas: Futebol, basquetebol, handebol e voleibol.
Visando romper com essa lógica, e validando a manifestação do skate, que é presente na comunidade e resiste intensamente a pressão imposta pela sociedade dos esportes hegemônicos [Futebol], vi nesta uma  possibilidades de apresentar outro discurso sobre esporte, que vai além da prática.
Socializar e fomentar a prática do skate, com uma proposta pedagógica que possibilite aos praticantes além de aprender andar de skate, um olhar mais ampliado de mundo no que diz respeito as relações sociais ( gênero, classe social, política, cidadania etc ).

Em duplas vivenciando equilíbrio
Vivenciando o equilíbrio
 Observando como remar
Vivenciando a remada
Aprendendo sobre as partes do skate


Por Luiz Alex

O bê-á-bá para conviver com a diversidade sexual


Depois de discutir com uma colega na aula de Educação Física, Alecks- Batista foi abordado dentro dos muros do colégio particular onde estudava pelo pai da menina. “Ele me chamou de bichinha, viado e aidético”, lembra, que na época tinha 16 anos. A diretoria do colégio de classe média alta de Curitiba, no Paraná, não se manifestou sobre a agressão. “E eu me vi ali sozinho.” Hoje com 20 anos, estudante de Ciências Contábeis e gay assumido, Alecks ainda se lembra da sensação de isolamento, das piadinhas e da discriminação praticada pela maioria dos professores e alunos durante o Ensino Médio. Na sua época de escola, Alecks não era convidado para festas ou para jogos de futebol – na maior parte do tempo, circulava acompanhado apenas de amigas mulheres ou com dois outros colegas, também gays.
A situação vivenciada por Alecks não é exceção – investigações realizadas pela Unesco e também pelas ONGs Reprolatina e Pathfinder demonstram que há forte presença da homo-lesbo-transfobia (discriminação contra gays, lésbicas, transexuais e travestis) dentro das escolas brasileiras. Publicada em 2004, a pesquisa da Unesco revelou, por exemplo, que um quarto dos estudantes entrevistados não gostaria de ter um colega homossexual na mesma sala. De acordo com a pesquisa qualitativa realizada pela Reprolatina em 2009 em 11 capitais brasileiras, evasão escolar, tristeza, depressão e até casos de suicídio são observados entre a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) como consequência de um ambiente escolar homofóbico. “O ambiente escolar é em geral hostil para o exercício da diversidade sexual. Os professores não estão preparados e não têm compreensão maior da sexualidade e da homossexualidade”, explica a pesquisadora responsável pelo estudo, Margarita Díaz.
Diante do quadro, o Ministério da Educação, em parceria com entidades ligadas aos direitos LGBTs, produziu um kit de material educativo que será distribuído oficialmente para os professores de 6 mil escolas públicas a partir do segundo semestre deste ano. O projeto – batizado informalmente de “kit anti-homofobia” – é uma das ações do programa federal Escola sem Homofobia. Polêmico, o assunto já vem causando celeuma, principalmente na internet, onde grupos se manifestam acaloradamente a favor e (principalmente) contra o material, chamado de “kit gay” pelos seus opositores.

O kit
Destinado ao Ensino Médio, o kit é composto de caderno, pôster, carta ao gestor da escola, seis boletins (boleshs) e cinco vídeos. “É um material para a promoção dos direitos humanos, com o objetivo de fazer da escola um espaço de todas as pessoas, onde se possa aprender a conviver com a diversidade”, justifica Maria Helena Franco, uma das coordenadoras de criação do kit de material educativo. Considerado peça-chave do kit, o caderno é um livro de 165 páginas, no qual o educador encontra referências teóricas, conceitos e sugestões de atividades e oficinas para se trabalhar o tema da diversidade sexual nas escolas. “O caderno ensina como fazer um projeto político-pedagógico a ser assumido pela escola como um todo sobre esse enfrentamento da violência homofóbica”, conta Maria Helena. Escritos em linguagem jovem e acessível, os boletins seriam distribuídos entre os estudantes e também tratam da temática da diversidade sexual, com jogos, depoimentos e sugestões de filmes.
Entretanto, o objeto de maior polêmica é a parte audiovisual do kit, que inclui três pequenos vídeos produzidos especialmente pela ONG Ecos, que trabalha com o tema desde 1989. Produzidos com diferentes estéticas – teledramaturgia tradicional, animação de fotos e desenhos – os vídeos abordam de forma coloquial temas específicos como lesbianidade, transexualidade e bissexualidade. “São temas muito estigmatizados e pouco compreendidos”, explica Vera Lúcia Simonetti Racy, uma das coordenadoras da criação do kit do material educativo.
Criado por uma equipe multidisciplinar, o kit completo levou cerca de dois anos para ser pesquisado, construído e validado. Apenas o roteiro de um dos filmes, sobre o namoro de duas meninas, demorou oito meses para ser aprovado.
Ousada e polêmica, a proposta do material educativo atende a uma demanda das entidades que lutam pelos direitos LGBTs e também dos educadores – que não encontravam subsídios para trabalhar o tema em aula – além de estar articulada com políticas públicas de combate à homofobia de maneira geral. “O que a gente quer é que o professor esteja atento a essa situação de homofobia. A escola precisa ser um espaço de respeito e de formação cidadã.”, conclui Carlos Laudari, presidente da ONG Pathfinder.

Preconceito velado
Realizada em Manaus, Porto Velho, Recife, Natal, Goiânia, Cuiabá, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba, a pesquisa da Reprolatina procurou investigar qual era o conhecimento e a atitude prática de educadores e alunos a respeito da homofobia nas escolas. Foram entrevistadas 1,4 mil pessoas, desde secretários da Educação até pessoas que fazem parte do cotidiano da escola, como merendeiras e porteiros, passando por diretores, coordenadores, professores e estudantes.
Foi detectado um ambiente altamente homofóbico – resultado semelhante em todas as cidades – uma realidade, porém, em geral negada pela comunidade escolar. Segundo Margarita Díaz, quando perguntados sobre a existência de homofobia na escola, a resposta dos participantes da pesquisa era quase sempre negativa. Entretanto, quando se começava a discutir sobre o que acontecia quando havia a presença de um menino gay ou uma menina lésbica na escola, os relatos mostravam muitas piadas e atitudes potencialmente ofensivas. Tais reações não eram catalogadas como homofobia. “Elas são enxergadas como brincadeiras. Na verdade, essa ‘brincadeira’ é, sim, uma reação homofóbica, mas ela está muito naturalizada”, explica Margarita.
A ausência de aulas sobre educação sexual que contemplem a diversidade também é apontada como um dos fatores que contribuem para a permanência da homofobia nas escolas. Segundo especialistas, a educação sexual disponível para a maioria dos estudantes é essencialmente heteronormativa, ou seja, reproduz um modelo que coloca a heterossexualidade como norma, o que acaba classificando outras manifestações de gênero, amor e sexualidade como desvios. “É uma educação sexual baseada no senso comum da sociedade, e não uma educação sexual antenada com as políticas públicas”, conta Margarita Díaz. Outro ponto percebido durante a pesquisa era o desconhecimento pelos educadores da existência de políticas públicas voltadas ao combate da homofobia.

Evasão escolar
Além de casos de violência física, uma forma quase invísivel de violência nas escolas – que inclui o isolamento, rejeição, brincadeirinhas e piadas – também costuma marcar os jovens homossexuais para a vida toda. “Especialmente na adolescência, a gente quer se enturmar. Quando você é rejeitado pelos seus pares, é um sofrimento horrível”, conta a terapeuta especializada em diversidade sexual e questões de gênero, Edith Modesto, que também é fundadora do Grupo de Pais de Homossexuais (GPH) e do Projeto Purpurina, que atende jovens de 14 a 24 anos. “Eles falam da escola com muita mágoa, lembram da discriminação, do desprezo e da rejeição.”
O quadro é ainda mais grave quando se analisa a situação de estudantes transexuais e travestis. Segundo especialistas, não há espaço para eles na escola. Além de o preconceito ser maior, questões como o uso do nome social na chamada ou até mesmo situações prosaicas como qual banheiro o jovem travesti deve usar pesam e acabam contribuindo para o abandono da escola. “Existe uma porcentagem dos nossos jovens que está sendo socialmente discriminada e forçada a assumir um papel sexual que não é dela”, lamenta Carlos Laudari. “A gente pretende que a escola seja uma escola cidadã, em que o aluno brasileiro aprenda a viver com a diferença.”
“Outro aspecto importante da necessidade de esse tema estar na escola é que certos jovens acabam saindo, porque o sofrimento é tão grande e o ambiente é tão agressivo que a criança ou o adolescente acaba desistindo de estudar. Os índices de evasão escolar são significativos para essa população”, explica Vera Lúcia. Segundo ela, o papel mais importante do kit anti-homofobia é informar e contribuir para erradicar a violência e o preconceito. “Na medida em que você trabalha esse tema na escola e consegue criar uma convivência melhor e mais respeitosa, isso acaba se refletindo nas relações sociais como um todo.”


Por Tory Oliveira

segunda-feira, 28 de março de 2011

MEC defende brincadeiras em toda a educação infantil

A coordenadora de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, Rita de Cássia Coelho, fala sobre a importância da brincadeira nos primeiros anos escolares.


Qual a ênfase que o documento 'Diretrizes Nacionais da Educação Infantil' dá à importância do brincar na educação infantil? É suficiente?
COELHO: As novas diretrizes da educação infantil dão à brincadeira um papel estruturante. Elas determinam que o currículo da educação infantil deve ser estruturado a partir de dois eixos: interações e brincadeiras.
De acordo com as diretrizes, a brincadeira tem uma função importante que estimula a imaginação da criança. Por meio do brincar é que a criança vai significar e ressignificar o real, tornar-se sujeito e partícipe. Ao brincar, as crianças exploram e refletem sobre a realidade e a cultura na qual vivem, incorporando-se e, ao mesmo tempo, questionando regras, papéis sociais e recriando cultura. Nos jogos de faz de conta, por exemplo, a criança recria situações que fazem parte de seu cotidiano, trazendo personagens e ações que fazem parte de suas observações. As brincadeiras são repletas de hábitos, valores e conhecimentos do grupo social ao qual pertence. Por isso dizemos que a brincadeira é histórica e socialmente construída.
Brincar implica troca com o outro, trata-se de uma aprendizagem social. Nesse sentido, a presença do professor é fundamental, pois será ele quem vai mediar as relações, favorecer as trocas e parcerias, promover a integração, planejar e organizar ambientes instigantes para que as brincadeiras aconteçam.
O professor precisa refletir sobre a importância e o papel das brincadeiras no seu trabalho. E deve fazer de todas as atividades de educar e cuidar um brincar: no banho, nas trocas, na alimentação, na escovação dos dentes, na "contação" de histórias, no cantar, no relacionar. Brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecido e construir o novo.
Portanto, do ponto de vista de diretrizes é suficiente, importante e decisivo o que dizem sobre brincadeira. O desafio é como concretizar isso.
Diante de um tema tão importante nos anos iniciais, o MEC planeja desenvolver uma ação diferenciada ou uma pesquisa?
O Brasil tem vários grupos de pesquisadores que se dedicam a essa questão e eles apontam evidências sobre a importância do brincar. O Ministério da Educação dá providências para implementar uma compra governamental de brinquedos, entendidos como materiais pedagógicos da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental.
O que queremos com isso é dar uma identidade à educação infantil e aos anos iniciais do ensino fundamental coerente com as características desta faixa etária e com as necessidades das crianças.
Como avalia o tempo e o espaço dedicados ao brincar?
Na educação infantil todo tempo deveria ser de brincadeira. O brincar não é só uma atividade, mas uma forma de estabelecer relações, de produzir conhecimento e construir explicações. Então, na verdade, não deveria existir tempo de brincar pois na educação infantil a brincadeira deve ser contínua.
A questão do espaço é um dos grandes desafios, pois na educação infantil eles são precários, principalmente nos grandes centros urbanos em que a disponibilidade é limitada. O espaço muitas vezes é insuficiente não só para a brincadeira, mas até para o conforto das crianças. É preciso pensar em como melhorar a qualidade dos espaços. O interessante é que com o brincar, as crianças conseguem transformar os espaços. Por isso é importante a escola potencializar outros espaços disponíveis como as áreas externas, no entorno do prédio escolar.
O Ministério da Educação oferece assistência financeira aos municípios e ao Distrito Federal para construção, reforma e aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da educação infantil, por meio do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância).
Iniciado em 2007, o programa formalizou até agora 2.348 creches em 2.151 municípios. Incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), prevê o repasse de recursos para a construção de 1.500 escolas em 2011.